Com o passar dos anos, as pessoas com diabetes podem vir a desenvolver
uma série de complicações em vários
órgãos do nosso organismo. Aproximadamente 40% das
pessoas com diabetes vêm a ter complicações
tardias da sua doença.
Estas complicações evoluem de uma forma silenciosa
e muitas vezes já estão há algum tempo instaladas
quando se detectam. Hoje é possível reduzir os seus
danos através de um controle rigoroso da glicemia, da pressão
arterial e dos lipídios (gorduras no sangue) bem como de
uma vigilância periódica dos órgãos mais
sensíveis (fundo do olho-retina, rim, coração
etc)
As complicações tardias são causadas principalmente
por lesões dos vasos. Os vasos sanguíneos conduzem
através do sangue, oxigênio e nutrientes para os vários
territórios do nosso corpo. As lesões desses vasos
comprometem a alimentação dos tecidos e órgãos
com graves conseqüências. As alterações
ao nível dos grandes e médios vasos (doença
macrovascular) tem repercussões ao nível do cérebro,
coração e pés. As lesões nos pequenos
vasos (doença microvascular) são responsáveis
por alterações no fundo do olho (retina), rins e nervos
periféricos Os pés que são a parte mais distante
do corpo são, muitas vezes, os mais prejudicados.
Os grandes e médios vasos apresentam lesões de evolução
lenta e silenciosa que levam à redução do seu
calibre (ateroesclerose). A principal causa é o depósito
de lípidios (gorduras) nas suas paredes. Estes depósitos
de lípidios crescem, formam placas e reduzem o calibre destes
vasos tornando difícil a passagem do sangue com oxigénio
e nutrientes comprometendo a alimentação dos tecidos.
Este sofrimento no coração pode dar origem a uma isquémia
do miocárdio (angina de peito) e, em casos extremos, a um
enfarte do miocárdio. Quanto aos pés este prejuízo
na circulação favorece ao aparecimento das complicações
dos pés desde uma lesão superficial por trauma até
um comprometimento maior que é a isquemia (falta de oxigênio
nos tecidos) nos pés, levando a amputação.
"A cada 3 segundos uma pessoa perde uma perna em algum lugar
no mundo, devido ao Diabetes" (Revista Diabetes Voice, 2005).
Nos pequenos vasos a doença que os atinge (microangiopatia)
é específica da diabetes. Não sendo ainda totalmente
conhecida, verifica-se um espessamento de algumas estruturas da
parede destes pequenos vasos, com redução do calibre,
alterações da consistência, elasticidade e permeabilidade.
Os níveis elevados de glicose têm um papel importante
em todo este processo. Outras alterações nomeadamente
da viscosidade e adesividade que se passam também no sangue
das pessoas com Diabetes, agravam toda esta situação.
O diagnóstico precoce, o bom controle metabólico
(boa compensação) e a vigilância periódica
são as principais armas para prevenir ou atrasar o início
e a evolução das complicações.
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